terça-feira, 19 de julho de 2011

Escravidão de negros na Mauritania em pleno século 21

O Brasil foi o último país da América ou do mundo Ocidental a abolir a escravidão, mas por incrível que possa parecer para alguns hoje em dia ainda existem escravidão  em algumas partes do mundo como, por exemplo, na Mauritânia.

Leia a seguir um artigo de Elinor Burkett publicado no jornal "O estado de São Paulo" sobre uma ex- escrava:


A foto em questão não corresponde a escrava do texto

Escrava Fatma nem imagina o que é liberdade

Perguntem a fatma Mint Mamadou quantos anos tem. A mulher mauritana baixara timidamente os olhos ela não sabe quando nasceu. Perguntem-lhe quantos camelos e ovelhas apascentava, ou quanta bolsa de água carregava por dia. Seu rosto ficara parado e insensível como uma pedra. Ela não sabe contar.
Perguntem se ela e outras meninas que com ela cresceram num povoado da afastada região de Bratna foram alguma vez estupradas. Ela ficará toda embaraçada e suas feições se tornaram duras. Finalmente, Fatma responde como se fosse a coisa mais normal do mundo: "Naturalmente, eles costumavam vir de noite quando precisavam fazer a gente reproduzir. É isso que vocês chamam de estupro?
Fatma está acocorada á porta de seu minúsculo barraco e responde obedientemente as poucas perguntas que para ela têm algum sentido. Mas não percebe o contexto. Nunca leu um jornal diz que ouviu falar nos Estados Unidos, mas não sabe o que é nem onde fica
Durante as horas da entrevista ela parece refugiar-se numa coisa que conhece: a água trazida por um visitante, que ela esquenta num fogareiro de querosene emprestado por um vizinho e derrama sobre folhas de hortelã, adicionando depois cuidadosamente uma medida de açúcar de um saquinho plástico que também lhe deram. Servir chá é uma coisa que ela sabe fazer.
Outras são carregar água, bater o sorgo, cuidar de camelos.
Nessa parte da África servir chá é coisa de escravo ─ e Fatma foi outrora uma escrava. A jovem silenciosa não usa muito a palavra escrava. Quando o faz, é com indiferença no mesmo tom que usa para explicar que tem dois irmãos ou que nunca conheceu o pai.
Ela sabe que era "adb" ─ uma escrava─, como sabe que sua mãe foi herdade por Sidi M'Hamed Ould Hamadi, quando o antigo senhor dela morreu.
Mas essa condição não é mais notável para ela do que o rico bronzeado de sua pele ou as suaves curvas de seus seios.
Na região de Bratna, uma província escassamente povoada da Mauritânia Central, ser negro quase sempre significa ser abd, mas esse fato quase não parece chamar a atenção dos estrangeiros brancos. A mãe de Fatma era abd, como sua avó. Ninguém na família se lembra de ter algum dia vivido sem servir aos árabes que dominam o país.

"Deus criou-me para ser escrava exatamente como criou um camelo para ser camelo"

Fatma, criada para obedecer ─ carregar água, cuidar de animais, cozinhar, varrer e reproduzir ─, não manifesta nenhuma vontade de resistir ir contra a história ou contra a dura paisagem.
Na República Islâmica da Mauritânia a escravidão, decididamente, não é moderna. O governo garante ter abolido a escravidão humana. Se isso aconteceu, a Mauritânia foi a última nação do planeta a tomar tal decisão.
Entretanto, nas intermináveis extensões desérticas açoitadas pelos ventos, entre o Senegal e Marrocos, cerca de 90 mil escravos trabalham duramente, como inúmeras gerações vêm fazendo há mais de quinhentos anos, a serviço de seus senhores, pastoreando seus rebanhos, sangrando suas acácias para fará fazer a goma arábica, colhendo tâmaras e reproduzindo a nova geração de propriedades humanas.
Enquanto despontam em outras regiões casos ocasionais d escravidão ─ venda de crianças no Benim, escravidão forçada de não mulçumanos no Sudão ─, somente na Mauritânia a escravidão generalizada, institucionalizada persistiu até fins do século xx.
Aqui os escravos, descendentes de gerações de "propriedades" humanas, não recebem salário nem nenhum tipo de educação. Não podem se casar sem autorização ou planejar o futuro dos filhos.

(Extraído e adaptado de artigo de Elinor Burkett, publicado no jornal O estado de São Paulo, 22 nov. 1997.)

OBS: Este artigo é do ano de 1997, mas ainda hoje existe escravidão de Negros na Mauritânia.

6 comentários:

  1. Absurdo em pleno seculo 21 .........

    Parabens pelo post ,da uma passada la no meu blog http://seunaipeh.blogspot.com/ .......flw boa sorte com o blog

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  2. Escravidão existe no mundo, so ver as culturas diferentes existentes.

    E coloca ai que é preto escravizando preto. Ja to de saco cheio dessa baboseira de racismo.

    Sim, preto é cor e não raça, assim como branco.

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  3. Nossa, sou brasileiro e me identifiquei com essa mulher e se vc pensar bem é o que os governantes fazem aqui é a mesma coisa.

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  4. Anônimo 1: "Sim, preto é cor e não raça, assim como branco."
    Recomendo-lhe que estude um pouco mais sociologia para entender raça, etnia, etc. Com certeza você se surpreenderá e esse conhecimento será muito útil para sua vida.

    Atenciosamente Ká

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  5. Sim, me interesso por sociologia e por isso digo isso. Em que sentido voce acha que to errado?

    Todo artigo publicado nos dias atuais sobre escravidão, fazem referencias especificamente a negros, ou comparações com o modelo de escravidão que existia na America.

    Esquecem que escravidão não é somente de negros, mas sim de TODO MUNDO durante toda historia humana. Ou voce acha que nenhuma outra raça sofreu?

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  6. E esqueci, negro na Africa é escravo, preto são africanos, ou termo geral usado como identificação.

    Se voce chamar alguem de negro na africa eles te batem na hora.

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